Moradores e comerciantes do Bairro Floresta e adjacências em audiência Pública, na Câmara Municipal, reivindicam da prefeitura a suspensão do fechamento da Rua Sapucaí para o trânsito de veículos, devidos aos vários impactos negativos e reclamaram da falta de diálogo com os principais afetados pela medida.
Durante a Audiência, dia 20 de junho na Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços, os participantes falaram sobre o impacto que a medida vai trazer para a vida de quem vive nas redondezas e que a prefeitura não apresentou nenhum estudo sobre a viabilidade da interdição.
Entre as preocupações estão a falta de banheiros para o grande fluxo de pessoas, que a região vai atrair, o prejuízo a outros segmentos comerciais, além dos bares, que segundo os moradores são os únicos beneficiados e o impacto no trânsito local, já que pela via passam pelo menos sete linhas de ônibus.
A interdição da via ao trânsito faz parte do projeto Centro de Todo Mundo, programa da prefeitura que prevê revitalizações em diversas partes do hipercentro da capital. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que a empresa apenas cumpre projeto apresentado pela Secretaria Municipal de Política Urbana.
Luiz Fernando Libânio, da Gerência Regional Centro Sul da BHTrans, informou que os desvios de pontos de ônibus foram experimentados aos fins de semana. “Fizemos o teste de sete dias sem circulação e não foi detectado problema que impedisse a operação”, disse Luiz Fernando.
Impacto no trânsito
Mariana Cândida Vieira, moradora do bairro e Coordenadora da Rede de Vizinhos Protegida da Regional Leste, comentou sobre os impactos na qualidade de vida, no trânsito e no acesso a instituições de ensino e aos patrimônios tombados no entorno. “A circulação diária dos moradores e os serviços de entrega e emergência serão impactados. O fechamento trará congestionamentos, já que sete linhas de ônibus serão desviadas, aumentando os ruídos”, explicou, lembrando ainda que a região abriga 111 imóveis tombados, e o fechamento poderá comprometer também o acesso a eles.
Jornalista e líder da Comunidade Floresta, Leila Fernandes também teme os impactos, em especial sobre o transporte público. “Pela Assis Chateaubriand, já passam 27 linhas de ônibus, somando as que virão da Sapucaí, serão quase 2.800 ônibus/dia. O Floresta é um bairro de ligação, e a Sapucaí uma via de fluxo entre as regiões. Fechá-la será um erro brutal”, comentou.
Segurança e benefício só aos bares
Jairo Hudson de Mendonça Castilho, residente no Bairro Floresta há 40 anos, enfatizou as questões de segurança. “Moro há 40 anos e hoje temos muitos assaltos e moradores de rua. A PM se empenha, mas não é possível. A Sapucaí era perigosa, vieram as universidades, depois os bares, mas tudo tem o dia seguinte. Vamos ter 12 bares ali e as consequências disso. O consumo de entorpecentes já é comum, é sabido por todos”, relatou.
Comerciante há mais de 20 anos na região, Wellington falou sobre os prejuízos ao comércio de modo geral. “O fechamento prejudica o acesso a outros segmentos comerciais, como salões de beleza, que é o meu caso. A mudança deveria beneficiar a todos, não apenas aos bares. Estou no local há 20 anos e o fechamento está impossibilitando o negócio”, afirmou.
Ausência de estudo e MP
O fechamento total da Rua Sapucaí para o trânsito já estaria sendo discutido pela PBH desde 2022, segundo Patrícia Silva. A líder comunitária, contou que desde o início de 2023 reuniões vêm acontecendo com os moradores, mas que a Prefeitura, entretanto, não a escuta. “Fizemos uma denúncia no MP, e em dezembro do ano passado o Município precisou fazer um acordo para que o fechamento fosse dialogado. O MP pediu os estudos que embasam o fechamento, mas nem para eles a Prefeitura apresentou”, contou.
(Informações da reportagem da Superintendência de Comunicação Institucional)